No meu tempo, que é como quem diz há uns vinte anos, os grupos de crianças a encher os saquinhos até se atropelavam. Não havia porta ou portão que escapasse, mesmo as que já sabíamos de outros anos e por experiência própria, que não gostavam nada do pão por deus (batíamos à porta na mesma, a esperança de ter mais qualquer coisa no saco era a ultima a morrer!), não havia café, restaurante ou mercearia que fugisse ao alcance da nossa vista. Os sacos enchiam-se, esvaziavam e voltavam a encher-se. Na noite anterior ninguém dormia nada de jeito porque no dia 1 de novembro era tradição madrugar. Não fosse o diabo tecê-las e depois não termos tempo de correr tudo até ao meio dia! Era dia de estrear roupa nova, porque, dizia a minha mãe, "pertencia" e era ainda mais "giro", para a minha mãe claro, andar de igual com a irmã. Era para mim a pior parte! Odiava andar vestida de igual à minha irmã! Depois era ver quem tinha maior quantidade de coisas. Havia de tudo: rebuçados, chupas, chocolatinhos, bombons, pevides, amendoins e até tremoços. Havia fruta, broas, figos secos e até pão que, diga-se, não achávamos piadinha nenhuma! Mas havia ainda uma bolsinha pequena dentro do sacão que servia para as moedinhas que também nos davam, na altura juntei muitas de cinco, dez e vinte escudos, e umas notinhas que vinham dos avós e pessoas mais chegadas.
As saudades são tantas, mais ainda quando vemos que hoje a coisa já não é sequer parecida. Entre a quantidade de meninos e meninas que se vai vendo e os pais a acompanhar, venha alguém e escolha. Isto não era nada assim...
À hora que escrevo este post, ainda ninguém me bateu à porta a pedir pão por deus :( Continuo a ter umas coisinhas preparadas, sempre, tenho esperança que um dia volte a ser como era...
Bjs, mãe
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