segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Tradição vs. Hambúrguer

Soube, há já algum tempo, que iria abrir um McDonalds em Mafra. Eis se não quando, comecei logo a ouvir os velhos do restelo a agoirar, naquele tom que roça a tragédia grega, uns 'ai valha-me Deus e todos os santos! Que vem lá o diabo em cuecas!'. Entre muito disparate consegui resumir que parece que uma vila tão nobre quanto está, vai ser condenada a ser uma Xabregas a partir do momento que cá se vendam hambúrgueres. Faz todo o sentido, idiotamente falando. Então mas faz algum sentido que a abertura de uma marca internacional ponha em causa o nível e qualidade de vida no concelho? Tenham juízo. Um dia lamentamos a crise e o desemprego, mas abrir postos de trabalho e dinamizar o comércio e serviços é que não. Isto dê por onde der, as pessoas serão sempre muito obtusas no que concerne a crescimento e mudança. Como é óbvio, o mundo pula e avança, e isto não pode ser tudo ruím que nem cobras! Pior é que quem diz tamanhos disparates normalmente é quem faz kilómetros ao domingo para ir ao shopping dar uma voltinha e comer um Big Mac, quase de certeza. Seja ou não, há que ter tino gente. Afinal de contas, a loja vai empregar mais uns 30 jovens do fundo de desemprego, como já vi em comunicado do mesmo, e vai fazer com que, em vez de ir até Loures ou Torres por um sunday, pare por aqui. E visite a vila, se passeie por cá e utilize tantas outras valências que por aqui temos. Há que ver o copo meio cheio antes de sair por aí a apregoar sede. Claro que não é o ultimo grito em Healthy Food, nem é propriamente um hábito a proliferar [e eu que o diga!], mas não deixa de ser um marco económico e isso conta muito. Aquilo vende, e contra isto não há argumentos. Não estou a dizer que não seja tentador e que alicie os miúdos a lá caírem todos os dias para lanchar batatinha frita, mas isso vai dos hábito e esses, como a educação, trazem-se de casa. Olhemos para isto como aquilo que é: um negócio dos diabos. E quem sabe o ponto de partida para trazer por cá aquilo que nós não deixamos de comprar noutro lado. Sou totalmente a favor do comércio tradicional, aliás sou até suspeita que para mim o melhor restaurante do mundo é o do pai, mas não sou avessa a ter por perto aquilo que inevitavelmente todos consomem.

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