terça-feira, 5 de junho de 2012

11 por todos [se puder ser... ]


Chego hoje ao final do dia perfeitamente embriagada pelo sensacionalismo em torno dos 11 que nos irão representar à Polónia. Não bebo deste romance exacerbado que só a comunicação social portuguesa sabe fazer. E como ninguém, note-se. Mas a minha formação académica deu-me a "estaleca" que chegue para perceber, de longe, que não temos capacidade para mais. O valor notícia e todo o esplendor da caixinha mágica em todas as suas vertentes naufragou com a nascença da TVI. Mas isso, são outros quinhentos. Isto para vos dizer que eu, benfiquista fervorosa, deixo-me igualmente esquentar quando o assunto é a nossa selecção. Isto deve-se, em muito, ao Euro 2004. À febre galopante pela bandeira, ao bater arritmado do peito, ao descompensar de emoções passíveis no futebol. Tudo em saudável. Tudo em bom [excepto na parte em que perdemos a taça]. Não me recordo de clubismo ou fanatismo que tivesse estragado o bom, digo, excelente ambiente que se vivia nesta terra à beira mar plantada. Não tínhamos crise. Desconfio até que o PIB tenha subido juntamente com o nosso orgulho e motivação nacional. Foi bonito. E foi para mim um ponto de viragem na forma como encarava a selecção. Ainda hoje ouço a Nelly Furtado a cantar o hino do 2004 e sinto os pêlos do braços todos a eriçar. É emoção. E isto não pode ser mau.

Isto para chegar a uma conclusão: não há nada que tenhamos de bom, que não seja explorado até ser enjoativo. Eu teria adorado fazer o voo para  Polónia, já que a minha profissão o podia ter permitido. Mas isso não faz com que eu assista, em pelo menos 4 ou 5 canais diferentes, ao embarque, despacho, descolagem e aterragem do A319 que levava a selecção. E de relembrar que eu sou perdida e achada por aviões. Sou plenamente de acordo com o apoio em massa, mas há que convir que chegamos a uma altura em que já deitamos pelos cabelos informações sobre os jogadores, esmiuçados até à cor das cuecas.

E agora que temos o mau exemplo, há que enfatizar aquilo que é bem feito. Este anúncio é para mim o que de melhor se soube fazer pela selecção e pelos adeptos, no que concerne à comunicação. A primeira vez que ouvi foi no rádio e lembro-me que achei aquilo fantástico. Cumpre com os requisitos de uma boa publicidade: prende, gera interesse, move emoções, passa a mensagem. AGalp mantêm-se mais coerente na comunicação do que nos preços praticados, mas certo é que o que fez até hoje em campanhas pela selecção, fez bem [perdoemos as vuvuzelas]. Uma mensagem genuína, quase inocente, e nem por isso desprovida de toda a conjuntura actual do País. Realista, portanto. E eu acredito realmente que bons resultados tragam ânimo e alento a um povo que foi perdendo todo o positivismo. A crise entra por qualquer frincha: não há tema ou conversa que não a traga pendurada ao pescoço. E isso cansa, desmotiva e deita por terra muito do entusiasmo que poucos ainda conseguem ter. As minhas expectativas são baixas. Baixinhas mesmo. Não escondo que vibro, apesar de tudo com o que não concordo em torno dos que nos representam, mas escolho conter. Afinal, assim tudo o que de bom vier é lucro.

Juízo nas cabeças e "força nas canetas" sim meninos?! Força.

Ju*

1 comentário:

Anónimo disse...

Mesmo espetacular esta publicidade, desconhecia que tinha origem numa produção realmente escrita pelo miúdo.

Também acho, mesmo, que se deveria falar menos e vibrar mais...talvez a coisa fosse mais positiva:) Andam por aí tantos tótos que não fazem mais nada a não ser menosprezar tudo e mais alguma coisa que seja português, seja futebol ou não. Pequenininhos:(

Bjs, mãe