sexta-feira, 19 de março de 2010

"ÉS FELIZ? PORQUÊ?"


Como sabem, para além de ser mãe da Eva, trabalho numa clínica de Pediatria e vejo diariamente meninos e meninas com algumas dificuldades ou problemas no que respeita ao seu desenvolvimento.
Então, um dia destes lembrei-me de fazer a alguns deles uma pergunta muito simples, para mim, claro! E a questão foi: "És feliz? Então e porquê?"
Eis algumas das respostas que obtive, umas prontas e directas, outras nem por isso:
"Sim, porque tenho uma mãe e um pai que são bons." (R, 7 anos)
"Sim, porque vivo em paz." (R, 7 anos)
"Não. Quer dizer, estava a brincar. Sou, então........porque estou vivo, porque estou com os amigos, aprendo coisas novas, porque tenho uma mãe e um pai e um irmão que me amam. E a minha familia é feliz." (D, 10 anos)
"Sou, porque os meus colegas e os meus pais fazem-me feliz. E a minha irmã." (I, 9 anos)
"Sim, não sei porquê." (depois de muito tempo a pensar) (M, 8 anos)
"Mais ou menos, porque estou sempre zangada, a ralhar com o meu pai e a minha mãe, a discutir. Eu sou às vezes feliz, mas não sou assim tanto das outras vezes." (A, 9 anos)
"Às vezes, às quartas e quintas não sou feliz porque chateiam-me, os meus colegas, chamam-me nomes." (V, 12 anos)
"Sim, porque gosto de brincar, porque quando os meus pais estão contentes eu também estou. Quando estou com a Tânia (mas não és tu, é a namorada do meu mano!) e o Bruno sou muito feliz." (M, 8 anos)
"Sou, porque estou com as pessoas de quem eu mais gosto e porque estou com quem se preocupa comigo." (R, 13 anos)
"Sim, porque faço tudo, vou à escola, trabalho." (L, 7 anos)
As crianças são mesmo o melhor do mundo, todas elas, sem excepção, sejam normais ou diferentes, caucasianas ou chinesas, negras ou brancas, católicas ou protestantes, com uma boneca na mão ou uma arma. Nenhuma destas variantes lhes tira a sua essência, a sua pureza e transparência, o facto de serem simplesmente CRIANÇAS!!
A mãe da Eva, Tânia Duarte

3 comentários:

Ju disse...

São uns docinhos! :p

Pima Su disse...

Tudo isso é bem verdade!

E quando me lembro daquele menino de 12 anos que se suicidou... ainda me vem uma lágrima ao olho.

Não imagino a dor, o sofrimento, a angústia e o desespero. Não é justo para um adulto sequer, muito menos para um menino.

Há que protegê-las e cuidá-las como se nada mais no mundo tivesse tamanha importância, porque realmente não tem.

Beijinho à mãe e à Eva!

Anónimo disse...

Pois é, a vida é mesmo assim, ingrata e injusta e, garanto-vos, que ninguém nunca, jamais tem noção do sofrimento e tamanha dor que pode causar numa criança.

No mais pequeno gesto ou na mais insignificante palavra. A resiliência, humildade, pureza e ingenuidade deles é tanta que, quase sempre, carregam o fardo sem ajuda. E depois, nalguns casos, acaba em tragédia.

E onde é que nós, adultos, pais, amigos, professores, conhecidos e familiares estávamos nessa altura?

Por certo vão carregar o maior dos fardos para o resto da vida......

Mãe Tânia